O Medo da Entrega no Mundo Contemporâneo

Autores

  • Ana Lúcia Faria Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética – SOBAB/SP

Resumo

O medo da entrega é um medo inerente ao ser humano. Este medo muda de face de acordo com a cultura e com a época. Impede que o ser humano abra seu coração, entre em contato consigo, com o outro e com as experiências do viver. Zygmunt Bauman Frederic (1925), sociólogo contemporâneo (Polonês), diz que uma das características da modernidade é a fragilidade dos laços humanos, sendo que esta perpassa a todos e a tudo. Em função disso, designa nossos amores, tempo, vida como líquidos. Nesse mundo líquido, a raiz, a base, e o grounding das pessoas tornam-se comprometidos e isto prejudica a presença, a consistência e o comprometimento do indivíduo consigo mesmo, com o outro e com o entorno. Alexander Lowen (1919-2008), criador da Analise Bioenergética, traz a possibilidade de sairmos deste estado quando com coragem e humildade não tememos vivenciar a experiência de todos os sentimentos - dolorosos e não dolorosos – que se instalam dentro de nós ao longo da vida. Podemos aceitar a dor desde que não estejamos presos a ela. Podemos aceitar a perda, se soubermos que não estamos condenados a um luto contínuo. Podemos aceitar a tristeza, quando sabemos que a alegria brotará novamente. As tensões musculares crônicas que são formadas ao longo da vida constituem uma prisão que impede a expressão e também manifestam a inibição de impulsos que a pessoa não ousa mostrar, temendo punições verbais ou físicas. Todo músculo cronicamente tenso no corpo é um músculo assustado, ou não se defenderia com tanta tenacidade contra o fluxo dos sentimentos e da vida. Quando os sentimentos são reprimidos, a pessoa perde a capacidade de sentir, gerando a depressão, um estado que infelizmente pode tornar-se um modo de vida. A repressão do sentimento é um processo de insensibilização que diminui a pulsação do corpo, sua vitalidade, seu estado de excitação. Para Lowen, saúde emocional é a capacidade de aceitar a realidade e de não fugir dela. Quando todas as partes do corpo estão carregadas de energia e vibrantes, sentimo-nos vibrantemente vivos e alegres. Contudo, para que isto ocorra, precisamos entregar-nos ao corpo e as suas sensações. Não se consegue sentir uma emoção a menos que se possa expressá-la num gesto, num olhar, no tom da voz ou por meio de algum movimento corporal. A mudança profunda e significativa só pode ocorrer por meio da entrega ao corpo e de um recordar emocional do passado. A ideia de entregar-se é assustadora para a maioria das pessoas, porém, entregar-se à própria natureza e permitir ao impulso uma expressão livre e plena reduz imediatamente a dor e resulta na agradável sensação de plenitude e liberdade. Objeto de estudo: O ser humano e as possibilidades de interação. Objetivo do trabalho: relacionar grounding/medo da entrega/mundo contemporâneo e trabalhar a questão da entrega a partir do grounding buscando a consistência e a presença para que a pessoa venha a se comprometer mais consigo mesmo, com o outro e com o entorno de si. Também construir possibilidades de conviver com as diferenças. Justificativa: Importante para todos que trabalham com a vida humana.

 

Palavras-chave: Medo; Entrega; Contemporâneo.

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Biografia do Autor

Ana Lúcia Faria, Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética – SOBAB/SP

Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética – SOBAB/SP. Contato: luciafariapsi@yahoo.com.br

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

HORTELANO, Xavier Serrano. No Despertar do Seculo XXI - Ensaios Ecologicos Pos-Reichianos. Editora Casa Do Psicologo, 2004.

LOWEN, Alexander. Alegria: a entrega ao corpo e à vida. São Paulo: Summus Editorial, 1995.

________. Medo da vida: caminhos da realização pessoal pela vitória sobre o medo. São Paulo: Summus Editorial, 1980.

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Publicado

2018-06-01

Como Citar

Faria, A. L. (2018). O Medo da Entrega no Mundo Contemporâneo. REVISTA LATINO-AMERICANA DE PSICOLOGIA CORPORAL, 5(7), 3–4. Recuperado de https://psicorporal.emnuvens.com.br/rlapc/article/view/64