Estratégias Clínicas para o Tratamento do Trauma em Psicoterapia Corporal

Autores

  • Périsson Dantas do Nascimento Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo

Resumo

Podemos citar como princípios centrais de compreensão e tratamento em Psicoterapia Corporal de pacientes traumatizados: O tratamento do trauma está intimamente relacionado à atenção e intervenção nos sinais e comportamentos não-verbais do sujeito. De acordo com a neurociência, os efeitos do choque traumático são produzidos e regulados por estruturas subcorticais (sistema límbico, cérebro reptiliano e sistema nervoso autônomo), de maneira que uma psicoterapia estritamente verbal se mostra insuficiente e pouco eficaz, pois trabalha com elaborações de pensamento que ativam estritamente áreas do neocórtex. Nessa perspectiva, métodos e técnicas que mobilizem o campo somático são imprescindíveis para reativar e processar as respostas de estresse congeladas na musculatura e nos tecidos, possibilitando a expressão emocional necessária para o estabelecimento de novas conexões cerebrais e modificação dos sintomas associados ao trauma. O trabalho corporal deve centrar-se numa atitude oposta à análise do caráter. Os autores enfatizam que a relação terapêutica deve primar pelo cuidado, segurança e vínculo, com atenção aos movimentos espontâneos surgidos do corpo do paciente, proporcionando-lhe experiências reparadoras sem reativar o núcleo traumático. Assim, deve-se trabalhar na perspectiva da construção e reconfiguração de defesas de um ego frágil, em substituição à atitude clássica de confrontar e dissolver a estrutura rígida de caráter. Os sintomas defensivos devem ser encarados como os recursos possíveis que o paciente conseguiu configurar para sobreviver ao trauma. Na maioria dos casos, os autoresargumentam que atitudes como: relutância, dissociação, evitação do contato, faltas não se referem à resistência transferencial clássica, mas sim à desconfiança e medo que os pacientes sentem de ser novamente expostos ao trauma na relação terapêutica. Em contrapartida, com o estabelecimento de uma relação de confiança e com o andamento do processo psicoterápico, o terapeuta precisa atentar para a dificuldade que os pacientes exibem em manter o padrão de melhora, por estarem apegados à estase energética e ao medo de vivenciar a vida em sua excitação corporal. Faz-se imprescindível o terapeuta propiciar ao paciente a contenção e reforçamento das sensações de prazer que possam advir dos trabalhos corporais. O terapeuta deve acreditar nos recursos psicossomáticos internos que o paciente possui para se curar do trauma e encará-lo como um processo de aprendizado e evolução da capacidade de enfrentar os desafios do mundo. O organismo possui uma sabedoria fisiológica de retorno ao equilíbrio homeostático e, nesse sentido, o terapeuta deve assumir o papel de facilitador desse processo, cujo tempo e gradação acontecem de maneira singular para cada paciente. O terapeuta, nesse sentido, precisa acreditar no pressuposto reichiano da autorregulação, no qual a ação terapêutica deve facilitar o reequilíbrio natural  do  organismo,  de  forma  a  propiciar  uma  circulação energética que foi estagnada pelo evento traumático. Assim, a unidade psicossomática que ficou congelada no estado de tensão e carga (regulados pelo sistema nervoso simpático), gerando os sintomas decorrentes da estase energética, deve ser mobilizada para a descarga energética e o relaxamento mecânico (regulados pelo sistema nervoso parassimpático), dando lugar a uma pulsação, um maior contato com as forças internas egoicas e uma melhor elaboração/superação do trauma.

 

Palavras-Chave: trauma psicológico, psicologia corporal, psicoterapia, técnicas clínicas 

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Biografia do Autor

Périsson Dantas do Nascimento, Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo


Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1999). Mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2003). Doutorado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar (2012). Membro do Corpo Docente do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo e do Instituto de Psicologia Somática (Natal/RN). Atualmente é Professor efetivo (Adjunto I) do Curso de Psicologia (Formação de Psicólogo) da Universidade Estadual do Piauí. Psicólogo Clínico, psicoterapeuta corporal, com formação internacional em Análise Bioenergética (Certificated Bioenergetic Therapist - CBT/IABSP). Local Trainer e Supervisor do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo, vinculado ao International Institute of Bioenergetic Analysis (Suíça). Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo. Contato: perisson.dantas@gmail.com.

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Publicado

2018-06-01

Como Citar

Nascimento, P. D. do. (2018). Estratégias Clínicas para o Tratamento do Trauma em Psicoterapia Corporal. REVISTA LATINO-AMERICANA DE PSICOLOGIA CORPORAL, 5(7), 20–22. Recuperado de https://psicorporal.emnuvens.com.br/rlapc/article/view/72